Com cerca de 494 mil consumidores, energia solar amplia seu mercado

As incertezas em relação ao abastecimento de energia elétrica causadas pela escassez de chuvas, que afeta diretamente a maior fonte de produção do País – as hidrelétricas, têm ampliado a busca dos consumidores por energia solar.

De acordo com os números divulgados pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), a adesão ao sistema por radiação solar teve crescimento de 63%. Entre 1º de janeiro e 5 de novembro de 2020, foram 125.880 conexões em residências pelo País, enquanto, no mesmo período de 2021, o montante saltou para 205.225 novas instalações. Segundo o órgão, são, no total, 494 mil consumidores no País.

O que antes era tratado como ferramenta para redução de custos com energia elétrica apenas em grandes empreendimentos comerciais passou a ser utilizado também em imóveis residenciais. O kit de instalação de sistema solar já pode ser encontrado em magazines, com valores entre R$ 1 mil e R$ 15 mil, de acordo com o modelo.

Segundo Ronaldo Vieira, responsável pelo Departamento de Expansão da Kinsol, uma das representantes no mercado, foi registrado um aumento de 70% na procura, “por causa do aumento nas tarifas provocado pela crise hídrica”. Ele afirma que os equipamentos são de longa durabilidade e com garantia de eficiência energética por até 25 anos. “Energia elétrica sustentável, obtida por meio de um recurso natural infinito, que é o sol. Equipamentos de longa durabilidade. Após a instalação, o cliente fica imune aos reajustes das concessionárias”, completou.

Para o especialista em energia solar Roberto Valer, doutor em energia pela USP (Universidade de São Paulo), o sistema de energia solar é uma importante solução para diversificar a matriz energética e dar mais segurança ao setor. “É uma energia modular, com flexibilidade para se instalar tanto um sistema pequeno na casa de uma família de baixa renda quanto em uma grande indústria”, afirmou. Vale destacar, ainda, um aumento nos interessados em verificar a viabilidade de instalação do sistema em imóveis comerciais e residenciais.

Morando com sua esposa e dois filhos em uma casa na Cidade Ademar (zona sul de São Paulo), o engenheiro elétrico Júlio Gonzalez, 55 anos, instalou o equipamento em sua residência e está confiante que haverá uma economia de até 95% na conta de luz, que estava entre R$ 500 e R$ 600 por mês.

O engenheiro afirma ter investido R$ 23 mil em todo o processo de instalação e já faz os cálculos para recuperar o valor. “Esse dinheiro parado na caderneta de poupança me daria R$ 70 mensalmente. Numa renda fixa, no máximo de R$ 120 a R$ 150. Por isso, os R$ 23 mil estão rendendo R$ 500 por mês, quando deixo de pagar 90% ou 95% da minha conta de luz.”

Após instalar o sistema na casa de seus pais, em Indaiatuba (99 km de SP), o empresário Bruno Gatti, 41, comemora a redução da tarifa. “Fizemos a instalação no fim de maio. A conta ficava entre R$ 280 e R$ 320. Agora, as últimas três foram de R$ 50, R$ 60 e R$ 75 “, afirmou. Ele acredita que a conta só não teve maior redução em razão das bandeiras tarifárias que tiveram impacto no valor da energia elétrica “Com essa economia de R$ 200 mensais, o sistema vai se pagar em 70 meses, porque o investimento ficou em R$ 14 mil”, estimou.

O empresário afirmou que, após o sucesso da instalação na casa dos pais, uma vizinha também se interessou pela energia solar e já considera adquirir sistema semelhante. “Ela ficou interessada depois que viu a instalação dos meus pais e a economia na conta de energia”, afirma.

Ajustes na produção

Com a chegada de um alto volume de clientes focados no custo-benefício, as empresas do setor se apressam em se adequar à demanda. “Notamos um aumento na procura desde o início da pandemia, mas com mais força neste ano”, declarou o sócio da Neosolar, Pedro Pintão.

“Acreditamos que os principais fatores para esse crescimento acelerado sejam o aumento no preço de energia, risco de apagão e procura das famílias por uma fonte sustentável e mais econômica. Diversos fatores tornam a energia solar uma solução muito vantajosa”, completou.

Segundo o empresário, a instalação para uma família com quatro pessoas que consome, em média, 400 kWh por mês, utiliza seis painéis de 550 Wp. O custo do sistema fica em aproximadamente R$ 16 mil. Já para uma família com as mesmas quatro pessoas, mas com um alto consumo, na casa de 1500 kWh, são necessários 23 painéis de 550 Wp, sob um custo de R$ 57 mil. Ambos os valores já com a instalação das placas no telhado.

Para os dias nublados ou chuvosos, o comerciante explica que, no caso de sistemas que não usam bateria de armazenamento, a energia solar se soma à energia elétrica da rede, de modo que o fornecimento não sofra interrupções e esteja disponível 24 horas. O mesmo se aplica para o período noturno.

No caso de excesso de energia produzido pelo sistema de energia solar, ou seja, mais do que o utilizado pela residência, esse excedente é jogado na rede elétrica e pode ser consumido pela vizinhança, por exemplo.

É possível também optar por um sistema com uma ou mais baterias, capazes de armazenar a energia solar para utilização em momentos sem sol.

Ainda segundo Pedro, a manutenção de um sistema de energia solar costuma ser simples e barata, bastando realizar a limpeza das placas com água. “Pode-se utilizar uma esponja macia, mas com a preocupação de não causar riscos e diminuir a eficiência do painel.”

Sobre a frequência, ele afirma que há variação conforme o nível de sujidade e a quantidade de chuvas. “Geralmente, recomenda-se que seja feita a cada três ou quatro meses, mas isso pode variar. Como a chuva ajuda na limpeza das placas, a necessidade é menor quando há chuvas frequentes.”

O especialista recomenda que, como prevenção, sejam verificadas as conexões elétricas, aperto de parafuso, como em qualquer instalação, a fim de antecipar e mitigar problemas.

Por se tratar de uma instalação elétrica, é necessário um projeto feito por um engenheiro e instalação realizada por mão de obra qualificada. É o que destaca o especialista em energia solar Roberto Valer. “Dá para comprar o sistema fotovoltaico em lojas comuns, mas as pessoas têm que se atentar à qualidade das instalações”, disse.

Também é necessário notificar a empresa fornecedora de energia elétrica local, de forma a homologar o serviço.

Responsável pela distribuição de energia em São Paulo, a Enel afirmou que o pedido de homologação pode ser feito pela internet e também pode-se obter informações pelo e-mail captacao.sp@enel.com. De acordo com a empresa, em até 60 dias um parecer é emitido.

Os documentos necessários também estão disponíveis na internet.

Como funciona a energia solar

  • Painel solar instalado no telhado converte a luz do sol em energia elétrica (corrente contínua).
  • Equipamento inversor converte a corrente contínua em corrente alternada, o que possibilita o funcionamento de eletrodomésticos, por exemplo.
  • Mesmo em dias sem sol, a energia é consumida normalmente, já que a compensação é realizada pela energia convencional.
  • Se a geração de energia solar for maior que o consumo da casa, a energia extra vai para a rede da distribuidora e gera um crédito de energia, que será utilizado automaticamente.
  • Categoria: Notícias
  • Data: 22/12/2021

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