A democratização da energia no Brasil vem pela microgeração
O mundo todo está passando por uma transição dos modelos da produção energética. Apesar de estarmos em um ritmo diferente no Brasil, grandes usinas hidrelétricas estão sendo substituídas por microgeradores solares e o governo vem apostando em microgeração em projetos sociais.
A hidroeletricidade ainda é dominante no ecossistema de geração de energia no País, respondendo por 63,8% da capacidade instalada e um total de 158.798 megawatts, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O Brasil tem três das seis maiores hidrelétricas do mundo. Como exemplo, temos Belo Monte, no rio Xingu, que foi inaugurada em 2016, com capacidade para atingir 11.233 megawatts em 2019, uma vez que todas as suas turbinas estejam em operação.
Até agora, esses megaprojetos têm sido o foco da transição energética do Brasil, que é uma substituição gradual de combustíveis fósseis por fontes ambientalmente mais amigáveis.
A energia solar representa 0,73% do total de eletricidade gerada em território nacional, o que equivale a 1.164 megawatts, segundo dados da Aneel. Essa produção vem, principalmente, de 1.445 usinas de empresas que utilizam painéis solares para vender energia ao mercado, como a energia hidrelétrica ou usinas térmicas.
As maiores perspectivas de crescimento e transformação para o sistema elétrico no Brasil vêm dos micro e minigeradores, que produzem eletricidade para o autoconsumo em residências e empresas – as chamadas unidades consumidoras com geração distribuída ou descentralizada.
Em abril, 26.620 unidades consumidoras eram abastecidas quase que exclusivamente por energia solar. Elas geram um total de 317,7 megawatts e sua capacidade está crescendo quase três vezes a cada ano.
A energia solar deve aumentar sua participação no mix elétrico do Brasil para 15%até 2024; em 2040, deve chegar a 32%, segundo estimativas da Aneel. A maior parte desse montante deve ser gerada em telhados domésticos. Entretanto, esse crescimento vai exigir a eliminação de obstáculos que impedem o seu desenvolvimento, em especial as barreiras regulatórias.
No Brasil, esses micro e minigeradores não podem vender sua eletricidade. Aquilo que é produzido e não é consumido acaba sendo incorporado à rede elétrica. Todo excedente é registrado como crédito para ser compensado em consumo futuro.
A energia solar tem o menor impacto social e ambiental de todas as fontes energéticas. Além disso, é possível usar espaços não utilizados nos telhados. Por esse motivo, existem iniciativas de se incorporar essa tecnologia nos programas de habitação e no setor público.
Uma iniciativa exemplar foi a construção, em Juazeiro, no nordeste baiano, de dois conjuntos do programa “Minha Casa Minha Vida”, com 9.144 painéis fotovoltaicos instalados em mil casas.